
LUCAS ALAMEDA
Rose é considerada a primeira revista com conteúdo gay editada no Brasil. Inicialmente publicada mensalmente, a edição 0 foi lançada no ano de 1979, pela Grafipar (Gráfica Editora Ltda), em Curitiba e o último volume foi distribuído em 1983 (edição 81).
Produzida em pequenas dimensões (13,5 x 20,5 – fechado) e com poucas páginas, era composta originalmente por conteúdos leves e direcionados para o público feminino. Os textos informavam sobre moda, comportamento, astrologia e apresentavam contos eróticos e discussões políticas pontuais sobre o cenário do país.
A partir do número 52 (agosto/1981), o foco da linha editoral concentrou-se em um universo homossexual. Mediado por hábitos, costumes e tendências, em termos práticos esta transição incluia mudanças nos nomes das seções, chamadas e arcos temáticos das tiragens. Entre as novas colunas incluídas na revista, destacavam-se aquelas destinadas à comunicação com os leitores, seja por meio de troca de correspondência com desabafos ou na busca de parceiros e parceiras nos classificados do periódico.
Outro ponto de relevo de Rose é a sua abordagem imagética. Isto porque um dos materiais mais interessantes encontrados nela são as suas divulgações de fotografias de nus masculinos. A revista abriu inúmeros espaços para difusão destas imagens por meio de concursos de fotografias enviadas por leitores ou pelos ensaios profissionais produzidos e divulgados em suas páginas. Esta visualidade pode ser caracterizada como uma importante fonte documental sobre representação, consumo e circulação de conteúdo erótico e pornográfico masculino produzido nacionalmente durante os anos de 1979 a 1983.
Atualmente, Rose é reconhecida para além de sua especificação como veículo de comunicação ou entretenimento de massas, consultada como fonte histórica de análise. Um exemplo deste referenciamento, é a pesquisa de Charles Roberto Ross Lopes (2011). Nela o autor comenta que muitos enunciados importantes circularam com a revista e contribuíram para o aumento de visibilidade das questões homossexuais brasileiras, principalmente no contexto histórico, cultural e político compreendido entre as décadas de 1970 e 1980.
No momento, a coleção do Centro de Documentação Prof. Dr. Luiz Mott – CEDOC LGBTI+, em Curitiba, dispõe de 65 títulos da revista e pode ser consultada pessoalmente, mediante agendamento prévio. A relação da edições da Revista Rose existentes no acervo pode ser consultada CLICANDO AQUI
LOPES, Charles Roberto Ross. Masculinidades em Rose: gays efeminados/homens discretos. Métis: História & Cultura, Caxias do Sul . v.10, n.20, p. 165-184. Jul./Dez. 2011.
Sobre o Cedoc LGBTI+
Inaugurado pelo Grupo Dignidade em 14 de dezembro de 2007, o Centro de Documentação Prof. Dr. Luiz Mott – Cedoc LGBTI+ é um importante acervo sobre a temática LGBTI+ nos mais variados suportes: livros, revistas, jornais, cartazes, produções acadêmicas, CD’s, DVD’s, fotos e documentos históricos do movimento LGBTI+.
Entre as diversas atividades desenvolvidas pelo Cedoc LGBTI+ destacam-se o projeto que restaurou, digitalizou e disponibilizou online todas as edições do jornal Lampião da Esquina no ano de 2010. Em janeiro de 2021 a equipe do Cedoc LGBTI+ em parceria com o Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual (IBDSEX) iniciou o projeto “Acervo Histórico LGBTI+ Brasileiro” com a gestão (separação, organização, higienização, acondicionamento e digitalização) do acervo doado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), organização LGBTI+ mais antiga (fundado em 1980) em funcionamento ininterrupto da América Latina.
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