O Centro de Documentação Prof. Dr. Luiz Mott (Cedoc LGBTI+) colaborou com a exposição virtual ” Memórias de uma Epidemia: Coletivos em Solidariedade. “ por meio da disponibilização de diversos itens do acervo digitalizadas.
O Museu da Diversidade Sexual – MDS, instituição vinculada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, com gestão da Organização Social Amigos da Arte, recebe a exposição Memórias de uma Epidemia: Coletivos em Solidariedade.
Desde o início da epidemia, quando a aids começou a tomar forma nas páginas de jornais e revistas, três características da doença ganharam destaque: sua natureza contagiosa, sua aparente incurabilidade e seu desfecho fatal. Essas características associadas a discursos morais, tornaram-se linguagem para a construção de metáforas do preconceito e da discriminação, vinculando noções de doença, contaminação, sujeira e perversão sexual e relacionando a ideia de contágio à transgressão.
Ao mesmo tempo, a metáfora contagiosa da aids também foi potente para coletivos de resistência contra a epidemia. Deslocado do discurso estigmatizante, o contágio tornou-se expressão das relações, encontros e trocas afetivas para a construção da importância da vida e de vivê-la plenamente. Além de compartilhar o luto da perda das vidas, eram nas ações solidárias e convívio nas comunidades onde era possível vivenciar a aids de forma coletiva.
Da criação do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids de São Paulo em 1985 a coletivos contemporâneos, o horizonte ético-afetivo-político da solidariedade foi base para a construção de grupos e redes. Em constante diálogo com a academia e as políticas públicas, a sociedade civil organizada produziu várias expressões, se reunindo em torno de diferentes identidades e bandeiras. Essa pluralidade foi fundamental para a resposta à epidemia e permanece como aprendizado ainda hoje.
Matheus Emílio Pereira da Silva e Remom Matheus Bortolozzi